quarta-feira, 24 de abril de 2013

Morar em Santo Antônio do Descoberto é até 60% mais barato


Custo de vida elevado faz primeiro brasiliense mudar para o Entorno

Afilhado de Juscelino Kubitschek nasceu às 20h30 de 21 de abril de 1960.
Morar em Santo Antônio do Descoberto é até 60% mais barato, afirma.

Raquel MoraisDo G1 DF
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Primeira pessoa nascida em Brasília e afilhado de Juscelino Kubitschek, Brasiliano Pereira da Silva decidiu deixar a capital do país no ano passado em busca de uma vida mais confortável para a família. A cidade escolhida foi Santo Antônio do Descoberto, no Entorno doDistrito Federal. Lá, segundo ele, o custo de vida é até 60% mais barato.
"Minha mulher tem uma escolinha e creche lá e, fazendo as contas, vimos que sairia bem mais em conta se a gente fosse, deixasse o Recanto das Emas", explica. "Vimos também que se quiséssemos ter mais coisinhas, comprar o carro, íamos precisar fazer esse sacrifício."
Minha mãe diz que ele [JK] até bateu a testa na entrada. Ele perguntou a ela se eu já tinha nome. Ela disse que sim, que queria William. Aí o presidente sugeriu Brasiliano e se ofereceu para, junto com a dona Sarah, ser meu padrinho de batismo"
Brasiliano Pereira da Silva, que nasceu em Brasília no dia da inauguração da capital
Silva conta que a família protelou quatro anos para tomar a decisão. Há 15 anos ele trabalha em uma concessionária no trecho 3 do SIA. Após a mudança, todos os dias ele precisa pegar um ônibus às 6h10 para estar antes das 8h no trabalho. A chegada em casa é só às 19h50.

Além disso, a família deixou a casa onde morava desde 1993 – presente do então governador, Joaquim Roriz, concedido a pedido da madrinha de Silva, Sarah Kubitschek.

"Ela disse que eu precisava de ter um lugar meu. Até então, pagava aluguel em Taguatinga, para onde a gente se mudou quando eu tinha um ano."

História
Brasiliano Pereira da Silva nasceu na noite de 21 de abril de 1960, em um acampamento de operários perto do hoje Aeroporto Internacional de Brasília. O parto foi feito com a ajuda de uma vizinha, depois que o pai decidiu não levar a família à festa de inauguração da nova capital, por causa da gravidez avançada da mulher.
"Minha mãe diz que olhou para o céu e viu o reflexo dos fogos. Na mesma hora eu nasci", conta. "Foi por volta de 20h30, 20h40. Eu me orgulho muito disso."
Brasiliano Pereira da Silva, primeira pessoa nascida em Brasília, no dia 21 de abril de 1960, data da inauguração da capital (Foto: Raquel Morais/G1)Brasiliano Pereira da Silva, primeira pessoa
nascida em Brasília, no dia 21 de abril de 1960,
data da inauguração da capital
(Foto: Raquel Morais/G1)
Meses depois, durante visita de Juscelino Kubitschek à vila, os operários contaram do nascimento do bebê. O presidente foi pessoalmente à casa da família para conhecer o menino.
"Minha mãe diz que ele até bateu a testa na entrada. Ele perguntou a ela se eu já tinha nome. Ela disse que sim, que queria William. Aí o presidente sugeriu Brasiliano e se ofereceu para, junto com a dona Sarah, ser meu padrinho de batismo."
Apesar da relação com a família, Silva conta que o contato era pouco, geralmente restrito às missas de aniversário da cidade ou a eventuais correspondências. O primeiro brasiliense cresceu em Taguatinga, onde concluiu o ensino médio em escolas públicas. A faculdade de administração ficou para os sonhos.
"Fui trabalhando, trabalhando, trabalhando, e de repente você esquece do outro lado. E também não tinha como [estudar], não", afirma. "Eu precisava ajudar a família. Mas às vezes paro e penso em como gostaria de ser o 'doutor Brasiliano', sabe?."
O primeiro emprego, lembra, foi aos 7 anos, escovando sapatos.  Prestes a entrar na escola, Silva pediu ao pai para comprar materiais escolares. O dinheiro era pouco e o menino ficou insatisfeito com o que ganhou. A solução que encontrou foi trabalhar.
Pioneiros - Zenaide Barbosa ao lado do presidente Juscelino Kubitschek na Fazenda do Gama (Foto: Mario Fontenele/Arquivo Público do Distrito Federal)Juscelino Kubitschek (centro) na Fazenda Gama
ao lado de pioneiros da construção de Brasília
(Foto: Mario Fontenele/Arquivo Público do DF)
Aniversário
A primeira pessoa nascida na capital do país diz desejar que, com a chegada dos 53 anos, a cidade olhe com "mais carinho" para as pessoas que moram fora do Plano Piloto. "É muita gente que precisa de cuidado aqui. Os que construíram moram afastados do centro, ficaram para escanteio. Acho que tem que olhar para essas pessoas com mais dignidade."
Além disso, Silva diz acreditar que Brasília precisa melhorar nas áreas de saúde, segurança e educação. E se tivesse cursado administração e pudesse ser gestor da capital do país, diz que agilizaria o transporte público e estenderia o metrô a mais regiões.
"É triste você passar às 18h nos grandes pontos de ônibus e ver a parada lotada de gente. Você vê a escassez dos ônibus e dá vontade de chorar, e você sai de manhã e o ônibus queima. O ônibus superlotado. É complicado demais", diz.
Já para a comemoração do próprio aniversário, Silva diz não ter muitos planos. "Não sou muito de fazer festa. Sou meio tímido. O certo mesmo é que vou à missa na manhã do dia 21, na catedral. Talvez a gente dê uma volta por ali mesmo."

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